EDITORIAL / EDITORIAL

RBAC Especial – COVID-19

Luiz Fernando Barcelos

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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ARTIGO DE REVISÃO / REVIEW

Biossegurança laboratorial na pandemia do SARS-CoV-2

Flávia Martinello

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

Resumo Abstract Texto completo (PDF)

Resumo

Devido à emergência do SARS-CoV-2, os laboratórios necessitaram se adequar na mesma velocidade em que a pandemia se instalou para atender com segurança à crescente demanda pelos testes diagnósticos. Com o alto potencial de disseminação do vírus, o contato com pacientes e o manuseio laboratorial das amostras tornou-se um desafio sem precedentes para os laboratórios. A necessidade de práticas de biossegurança nunca foi globalmente tão enfatizada como nas circunstâncias atuais da pandemia. O objetivo desta revisão narrativa foi destacar medidas para prevenção da contaminação pelo SARS-CoV-2 nos laboratórios clínicos, utilizando como referência a literatura publicada em livros, artigos científicos, orientações técnicas de autoridades sanitárias e científicas, e na análise crítica e pessoal da autora. Alguns temas abordados foram: compreensão dos riscos, medidas de biossegurança, níveis de biossegurança, barreiras de contenção, uso correto dos equipamentos de proteção individual (EPI), desinfecção das áreas de laboratório, descarte seguro de resíduos, e biossegurança nas fases pré-analítica e analítica. As orientações são baseadas em evidências limitadas e frequentemente fracas, oriundas de opiniões, estudos observacionais ou extrapolações de epidemias anteriores causadas por outros coronavírus. As boas práticas de biossegurança destacadas foram estabelecidas muito antes do surgimento da COVID-19. No entanto, a pandemia trouxe à tona, aos profissionais de laboratório e à população em geral, boas práticas que estavam esquecidas, como a higienização das mãos, a etiqueta respiratória e a forma correta de para­mentação e desparamentação dos EPI. Na pandemia, os laboratórios com poucos recursos necessitaram adaptar soluções seguras e econômicas para garantir a segurança laboral.

 

Palavras-chave

Biossegurança; COVID-19; SARS-CoV-2; pandemia; laboratórios; equipamento de proteção individual (EPI)

 

Abstract

Due to the emergence of SARS-CoV-2 the laboratories had to adapt, as quickly as the pandemic was installed, to safely meet the growing demand for the diagnostic tests. The high potential for virus spread, contact with patients and laboratory handling of samples has become an unprecedented challenge for laboratories. The need for biosafety practices has never been more globally emphasized as in the current circumstances of the pandemic. The purpose of this narrative review was to highlight strategies to prevent contamination by SARS-CoV-2 in clinical laboratories, using as reference the literature published in books, scientific articles, technical guides from health and scientific authorities, and the critical and personal analysis of the author. Some topics that were covered: understanding risks, biosafety strategies, biosafety levels, containment barriers, correct use of personal protective equipment (PPE), disinfection of laboratory areas, safe disposal of waste, and biosafety in the pre-analytical and analytical phases. The orientations are based on limited and often weak evidence arising from opinions, observational studies or extrapolations from the previous epidemics coronaviruses. The highlighted good practices on biosafety were established long before the emergence of COVID-19. However, the pandemic brought up to the laboratory professionals and population in general, good practices that had been forgotten, such as hands hygiene, respiratory etiquette and the correct way of donning and doffing PPE. In the pandemic, laboratories with limited resources had to adapt safe and economical solutions to ensure safety in the clinical laboratory.

 

Keywords

Biosafety; COVID-19; SARS-CoV-2; pandemic; laboratories; personal protective equipment (PPE)

Diagnóstico laboratorial da COVID-19 no Brasil

Joseli Maria da Rocha Nogueira

Líllian Oliveira Pereira da Silva

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

Apesar da grande emergência desta pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 em nosso país e no mundo, várias opções de metodologias diagnósticas têm sido criadas para nos auxiliar na detecção desse agente, contribuindo para evitar a sua disseminação, detectar quem já teve a doença e, em alguns casos, favorecer o tratamento precoce. O diagnóstico sorológico da COVID-19 disponível atualmente detecta a presença de anticorpos, IgA, IgM e IgG, que são proteínas específicas produzidas em resposta a infecções, mostrando então uma resposta imunológica do indivíduo ao vírus. Ressalta-se que o diagnóstico final da Covid-19 deve ser estabelecido pela combinação de vários exames com as informações clínico-epidemiológicas. Os resultados destes testes são importantes também para detectar infecções em pessoas que apresentaram poucos ou nenhum sintoma, e apesar da possibilidade de resultados falsos, seu custo-benefício é bastante positivo frente ao padrão-ouro de diagnóstico que é o RT-PCR, de elevado custo, já que, por ser mais acessível, a sorologia proporciona também uma ideia da epidemiologia global da doença quando ocorre testagem em massa.

 

Palavras-chave

Diagnóstico laboratorial; COVID; Coronavírus; sorologia

Abstract

Despite the great emergence of this pandemic caused by the SARS-CoV-2 virus in our country and in the world, several options of diagnostic methodologies have been created to assist us in the detection of this agent, helping to prevent spread, detect who has had the disease and, in some cases, help to start early treatment. The serological diagnosis of Covid-19 currently available, detects the presence of antibodies, IgA, IgM and IgG, which are specific proteins produced in response to infections, thus showing an immune response to the virus. We emphasize that the definitive diagnosis of Covid-19 must be established by combining several tests with clinical-epidemiological information. The results of these tests are also important for detecting infections in people who had few or no symptoms, and despite the possibility of false results, its cost-benefit is quite interesting compared to the gold standard of diagnosis which is the high-cost, RT-PCR, since being more accessible, serology also provides an estimate of the global epidemiology of the disease, when mass testing occurs.

 

Keywords

Laboratory diagnosis; COVID; coronavirus; sorology

Diagnóstico laboratorial do SARS-CoV-2 por transcrição reversa seguida de reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR)

Maria Elizabeth Menezes

Lenilza Mattos Lima

Flávia Martinello

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

O diagnóstico da COVID-19 está alicerçado na clínica do paciente, nos exames de imagem e no diagnóstico laboratorial. O exame de detecção do ácido nucleico viral por transcrição reversa (RT) seguido da reação em cadeia da polimerase em tempo real (PCR) foi rapidamente o primeiro método de diagnóstico laboratorial estabelecido e permanece como o padrão ouro. Esta narrativa descritiva é resultado de uma busca referenciada onde o ponto focal foi descrever o diagnóstico laboratorial do SARS-CoV-2 por RT-PCR. O diagnóstico laboratorial do SARS-CoV-2 por RT-PCR envolve as etapas de extração do RNA, transcrição reversa para obtenção do DNA complementar e a reação em cadeia da polimerase. A detecção da amplificação do material genético é realizada pela medida de fluorescência emitida. Entre as várias amostras biológicas que podem ser utilizadas, aquela que tem apresentado mais praticidade e precisão é a de swab da nasofaringe. A coleta da amostra deve ser, idealmente, realizada até sete dias a partir do início dos sintomas. Quando o SARS-CoV-2 é detectado na RT-PCR, o diagnóstico de COVID-19 é confirmado. No entanto, um único resultado de SARS-CoV-2 não detectado em paciente sintomático não exclui o diagnóstico. O exame não tem apresentado reações cruzadas com outros patógenos respiratórios. Contudo, o exame é caro e demorado, e pode resultar em falso negativo devido ao momento inadequado da coleta da amostra, coleta e manuseio impróprio de amostras e material genético viral insuficiente no sítio de coleta. Lacunas diagnósticas ainda permanecem na triagem de assintomáticos e na detecção de vírus vivos na convalescença.

 

Palavras-chave

SARS-CoV-2; COVID-19; diagnóstico laboratorial; RT-PCR em tempo real; diagnóstico molecular

Abstract

The diagnosis of COVID-19 is based on the patient’s clinic, imaging tests and laboratory diagnosis. The detection of viral nucleic acid by reverse transcription (RT) followed by real-time polymerase chain reaction (PCR) was quickly the first established laboratory diagnosis method and remains the gold standard. This descriptive narrative is a result of a referenced search where the focal point was to describe the laboratory diagnosis of SARS-CoV-2 by RT-PCR. The laboratory diagnosis of SARS-CoV-2 by RT-PCR involves the RNA extraction, reverse transcription to obtain complementary DNA, and the polymerase chain reaction steps. The detection of genetic material amplification is carried out by measuring the emitted fluorescence. Among the various biological samples that can be used, the one that has shown the most practicality and precision is the nasopharyngeal swab. Sample collection should be performed, ideally, within 7 days from the symptoms onset. When SARS-CoV-2 is detected by RT-PCR, the diagnosis of COVID-19 is confirmed. However, a single result of undetected SARS-CoV-2 in a symptomatic patient does not exclude the diagnosis. The test has not shown cross-reactions with common respiratory pathogens. However, the test is costly and time-consuming, a false-negative result may arise due to inadequate sample collection time, improper samples collection and handling, and insufficient viral genetic material at the collection site. Diagnosticgaps remain on asymptomatic patients screening, and in the detection of live viruses in convalescence.

 

Keywords

SARS-CoV-2; COVID-19; laboratory diagnosis; real time RT-PCR; molecular diagnosis

A COVID-19 e o laboratório de hematologia: uma revisão da literatura recente

Marcos Kneip Fleury

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

A COVID-19 se manifesta principalmente como uma infecção do trato respiratório. Entretanto, uma enorme quantidade de estudos mostra características de uma enfermidade sistêmica com repercussões nos sistemas cardiovascular, respiratório, gastro­intestinal, neurológico, hematopoiético e imunológico. Os estudos realizados em vários centros de pesquisa na China, Europa e nos Estados Unidos indicam que os resultados laboratoriais podem fornecer à equipe clínica muitos marcadores prognósticos de grande utilidade. O impacto no sistema hematopoiético e na hemostasia é evidenciado por alterações importantes na quantidade de linfócitos, granulócitos e plaquetas além de alterações no processo de coagulação. Estes parâmetros podem ser monitorados e têm efeito prognóstico na evolução da doença podendo ajudar a identificar pacientes que necessitem de cuidados intensivos. Em resumo, a COVID-19 apresenta alterações importantes do sistema hematopoiético estando frequentemente associada a um estado de hipercoagulabilidade. A avaliação cuidadosa dos índices laboratoriais no início da doença e durante a evolução podem ajudar o corpo clínico a formular uma abordagem de tratamento adaptada à situação além de permitir atenção especial àqueles pacientes que apresentam maior necessidade.

 

Palavras-chave

COVID-19; Coronavírus; SARS-CoV-2; hemograma; coagulopatia de consumo; Síndrome Respiratória Aguda Grave

Abstract

COVID-19 manifests itself mainly as an infection of the respiratory tract. However, a huge number of studies show characteristics of a systemic disease with repercussions on the cardiovascular, respiratory, gastrointestinal, neurological, hematopoietic and immunological systems. Studies carried out in various research centers in China, Europe and the United States indicate that laboratory results can provide the clinical team with many useful prognostic markers. The impact on the hematopoietic system and hemostasis is evidenced by important changes in the amount of lymphocytes, granulocytes and platelets, in addition to changes in the coagulation process. These parameters can be monitored and have a prognostic effect on the evolution of the disease and can help to identify patients who need intensive care. In summary, COVID-19 presents important changes in the hematopoietic system and is frequently associated with a state of hypercoagulability. Careful assessment of laboratory indexes at the onset of the disease and during evolution can help the clinical staff to formulate a treatment approach adapted to the situation, in addition to allowing special attention to those most severe patients.

 

Keywords

Coronavirus infections; hematology; blood cell count; disseminated intravascular coagulation; severe acute respiratory syndrome

Hemostasia e COVID-19: fisiopatologia, exames laboratoriais e terapia anticoagulante

Anna Paula de Borba Batschauer

Heric Witney Jovita

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

A pandemia COVID-19 é uma emergência na sociedade atual, afetando países e suas populações em diversos níveis, bem como é uma ameaça a sistemas de saúde de todo o mundo. Compreender a relação entre os mecanismos fisiopatológicos da infecção pelo SARS-CoV-2 e o sistema de coagulação se tornou um importante instrumento para pesquisadores e trabalhadores das áreas da saúde no mundo inteiro, de modo que estratégias eficazes possam ser traçadas e seguidas para a recuperação de pacientes acometidos pela doença. O presente artigo caracteriza-se como uma revisão da literatura sobre a homeostasia na COVID-19 por meio da pesquisa e análise em bases de dados eletrônicas. Observou-se que a ocorrência de eventos trombóticos e alterações nos parâmetros da coagulação em pacientes com a COVID-19 é descrita em diversos estudos, e o uso de medicamentos anticoagulantes já é uma alternativa para a diminuição da letalidade do vírus em determinados casos. Além disso, o Dímero-D surge como um marcador do prognóstico da doença, sugerindo a ligação entre o estado hiper­coagulável da doença, decorrente da inflamação aguda, e sua taxa de letalidade.

 

Palavras-chave

COVID-19; coagulação intravascular disseminada; anticoagulantes; Dímero-D

Abstract

COVID-19 pandemic is an emergency in current society, affecting the countries and their populations at different levels, as well as a threat to health systems around the world. Understanding the relationship between the pathophysiological mechanisms in SARS-CoV-2 infection and the coagulation system has become an important tool for researchers and healthcare workers worldwide so that effective strategies can be designed and followed for the recovery of patients affected by the disease. This article is characterized as a review on homeostasis in COVID-19 through research and analysis in electronic databases. It was observed that the occurrence of thrombotic events and changes in coagulation parameters in patients with COVID-19 has been described in several studies, and the use of anticoagulant drugs is already an alternative to reduce the lethality of the virus in certain cases. Also, D-Dimer appears as a marker of disease prognosis, suggesting the link between the hypercoagulable state of the disease, resulting from acute inflammation, and its lethality rate.

 

Keywords

COVID-19; coagulation; disseminated intravascular coagulation; anticoagulant, D-Dimer

A relação entre o sistema sanguíneo ABO e a COVID-19: uma revisão sistemática

Alexandre Geraldo

Flávia Martinello

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

A atribuição do sistema sanguíneo ABO às infecções não é recente e não é exclusiva de infecções virais. A relação entre a COVID-19 e o grupo sanguíneo ABO de pacientes infectados tem sido investigada. O objetivo desta revisão foi avaliar se a associação do sistema sanguíneo ABO com SARS-CoV-2 envolve a isomeria ABO tecidual e subgrupos sanguíneos. Realizou-se uma revisão sistemática com busca de artigos e publicações até 28 de julho de 2020 na base PubMed. Foram obtidos 311 manuscritos dos quais 15 atenderam os critérios de inclusão e foram incluídos no estudo. Quarenta por cento dos estudos discutiram a possibilidade dos antígenos teciduais ABO influenciar na transmissão ou gravidade da COVID-19. Nenhum manuscrito mencionou que a isomeria antigênica ABO tecidual poderia predispor indivíduos às infecções por SARS-CoV-2 ou agravamento da COVID-19. Um manuscrito discutiu a possibilidade de o impedimento estérico afetar a saturação do receptor de diferentes isótipos de anticorpos anti-A1IgG em pacientes que desenvolveram COVID-19. Se rejeitássemos cartas e/ou comentários, análises profundas sobre o aspecto do sistema sanguíneo ABO e infecções por SARS-CoV-2 teriam sido excluídos e prejudicariam a discussão científica e as conclusões da revisão.

 

Palavras-chave

Sistema ABO de Grupos Sanguíneos; COVID-19; SARS-CoV-2; infecções por Coronavírus

Abstract

The assignment of the ABO blood system to infection is not new and is not exclusive to viral infections. The relationship between COVID-19 and the ABO blood group of infected patients has been investigated. The purpose of this review was to assess whether the association between ABO blood system and SARS-CoV-2 involves tissue ABO isomerism and blood subgroups. A systematic review was carried out with search until July 28, 2020 in PubMed database. Three hundred and eleven manuscripts were obtained, of which 15 met the inclusion criteria and were included in the study. Forty percent of the studies discussed the possibility of ABO tissue antigens influence the transmission or severity of COVID-19. No manuscript mentioned that ABO tissue antigenic isomerism could predispose individuals to SARS-CoV-2 infections or severe COVID-19. A manuscript discussed the possibility of steric impediment affect receptorsaturation of the different antibodies A1IgG isotypes in COVID-19 patients. If the letters, correspondences or comments were rejected, deep analyzes of ABO blood system and SARS-CoV-2 infections relationship would have been excluded, and would undermine the scientific discussion and conclusions of the review.

Keywords

ABO Blood-Group System; COVID-19; SARS-CoV-2; Coronavirus infections

A corrida pela vacina em tempos de pandemia: a necessidade da imunização contra a COVID-19

Líllian Oliveira Pereira da Silva

Joseli Maria da Rocha Nogueira

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

Em dezembro de 2019, em Wuhan, China, foi detectada uma síndrome respiratória aguda epidêmica em humanos, causada por um novo coronavírus (SARS-CoV-2) de origem zoonótica.  A grande velocidade de sua disseminação levou a OMS a declarar a situação pandêmica em março de 2020, sugerindo medidas de distanciamento entre as pessoas e a utilização de máscaras. A criação de uma vacina contra COVID-19 passou então a ser considerada a estratégia profilática mais eficaz para controle e prevenção desta doença. Cerca de 170 equipes em todo o mundo já estão realizando essa pesquisa e atualmente, aproximadamente 188 vacinas em diferentes fases do ensaio clínico já estão sendo desenvolvidas. Sete destas vacinas se destacam no cenário atual com bom potencial para serem disponibilizadas entre 2021 e 2022. O sucesso desses esforços dependerá de uma ação conjunta, incluindo o compromisso de todas as pessoas em evitar o contato entre si e fazerem uso da vacina quando estiver disponível, além da garantia de financiamento assegurado entre governos, iniciativa privada e, em última instância, do empenho dos fabricantes de vacinas para participar todos juntos, cada um fazendo sua parte, em uma escala grande o suficiente que forneça uma solução global para o final desta pandemia.

 

Palavras-chave

Vacina; COVID; Coronavírus

Abstract

In December 2019 in Wuhan, China, an acute epidemic respiratory syndrome in humans was detected, caused by a new coronavirus (SARS-CoV-2) of zoonotic origin. The great speed of its dissemination, led the WHO to declare the pandemic situation in March 2020, suggesting measures of distance between people and the use of masks. The creation of a vaccine against COVID-19, then came to be considered the most effective prophylactic strategy for the control and prevention of this disease. About 170 teams worldwide are already carrying out this research and currently, approximately 188 vaccines in different phases of the clinical trial are already being developed. Seven of these vaccines stand out in the current scenario with good potential to be made available between 2021 and 2022. The success of these efforts will depend on joint action, including the commitment of all people to avoid contact with each other and to use the vaccine when it is available, as well as the secured financing between governments and private sector

Keywords

Vaccine; COVID; Coronavirus

COVID-19 e Diabetes: a relação entre duas pandemias distintas

Mauren Isfer Anghebem

Fabiane Gomes de Moraes Rego

Geraldo Picheth

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

O mundo enfrenta duas pandemias distintas, mas que guardam alguma relação entre si. O Diabetes mellitus (DM) promove um estado crônico inflamatório que torna os afetados mais propensos a infecções em geral. A doença aguda causada pelo novo coronavírus, COVID-19, assim como o DM, altera o sistema imunológico, podendo ativar uma tempestade de citocinas deletéria ao hospedeiro. O DM tem sido considerado como um fator de risco independente da idade para a gravidade da COVID-19. De fato, pessoas com DM são propensas a um curso clínico de maior severidade da COVID-19 com maior taxa de morbimortalidade. Uma forte relação entre a COVID-19 e o DM reside no fato de que o SARS-CoV-2 utiliza a proteína ACE-2 como receptor para entrar na célula humana, a qual é superexpressa pelas células das ilhotas pancreáticas e ainda mais em pessoas com DM. Depois de invadir a célula do hospedeiro, o vírus degrada a ACE-2, reduzindo sua atividade anti-inflamatória. Somado a isso, acredita-se que o SARS-CoV-2 afete diretamente a parte endócrina do pâncreas, com consequente hiperglicemia. Entretanto, ainda não está claro de que forma as alterações glicêmicas podem estar relacionadas com a severidade da COVID-19; e se o SARS-CoV-2 tem potencial diabetogênico. Todavia, os mecanismos propostos para explicar a associação observada entre DM e a COVID-19 incluem inflamação, alterações na resposta imune, na coagulação e a agressão direta do vírus às células b pancreáticas. Como o diabetes está associado às manifestações graves da COVID-19, o primeiro passo é evitar a contaminação de pessoas com DM pelo SARS-CoV-2. Depois, todo paciente com COVID-19 que tenha DM deve ser considerado grave. E, por fim, a monitoração glicêmica frequente em pacientes com COVID-19 deve ser considerada, uma vez que o controle da hiperglicemia tem se mostrado eficaz na promoção de melhores desfechos clínicos.

 

Palavras-chave

COVID-19; Diabetes; pandemia

Abstract

The world faces two distinct pandemics, which have some relationship with each other. Diabetes mellitus (DM) promotes a chronic inflammatory state that makes the affected more prone to general infections. The acute disease caused by the new coronavirus, COVID-19, as well as DM, alters the immune system, which can activate a harmful cytokine storm in the host. DM has been considered as an age-independent risk factor for the severity of COVID-19. In fact, people with DM are prone to a more severe clinical course of COVID-19 with a higher rate of morbidity and mortality. A strong relationship between COVID-19 and DM lies in the fact that SARS-CoV-2 uses the ACE-2 protein as a receptor to enter the human cell, which is overexpressed by pancreatic islet cells, especially in people with DM. After invading the host cell, the virus degrades ACE-2, reducing its anti-inflammatory activity. In addition, SARS-CoV-2 is believed to directly affect the endocrine part of the pancreas, with consequent hyperglycemia. However, it is not clear how glycemic changes may be related to the severity of COVID-19; and, whether SARS-CoV-2 has diabetogenic potential. However, the mechanisms proposed to explain the observed association between DM and COVID-19 include inflammation, changes in the immune response, coagulation and direct aggression of the virus to pancreatic beta cells. As diabetes is associated with severe manifestations of COVID-19, the first step is to avoid contamination of people with DM by SARS-CoV-2. Then, every patient with COVID-19 who has DM should be considered severe. Finally, frequent glycemic monitoring in patients with COVID-19 should be considered, since the control of hyperglycemia has been shown to be effective in promoting better clinical outcomes.

 

Keywords

COVID-19; Diabetes; Pandemic

Insuficiência renal aguda em pacientes com COVID-19

José AntonioTesser Poloni

Viviane Schmitt Jahnke

Liane Nanci Rotta

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

Apesar de inicialmente terem surgido como agentes etiológicos de resfriados comuns, os coronavírus se tornaram uma ameaça global no século XXI, provocando síndromes respiratórias com alto poder de transmissão e contribuindo para quadros graves que podem levar à morte.  Além dos coronavírus que emergiram no século XXI, quatro outros coronavírus humanos são mundialmente endêmicos e atualmente representam até 30% das infecções do trato respiratório superior em adultos. A pandemia atual de Síndrome Respiratória Aguda Grave causada por SARS-CoV-2, denominada COVID-19, vem aumentando sua casuística de forma importante, causando o colapso dos sistemas de saúde. Além dos danos ao sistema respiratório, a insuficiência renal aguda (IRA) é uma importante complicação da COVID-19, ocorrendo em 0,5%-7% dos casos e em 2,9%-23% dos pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Até o momento não se conhecem os mecanismos relacionados à etiologia da IRA associada à COVID-19. Nesta revisão são apresentadas algumas informações associadas à COVID-19 como histórico, manifestações clínicas e laboratoriais, à IRA (especialmente em pacientes internados em UTI) e enfatizando as alterações evidenciadas no exame de urina em pacientes com COVID-19.

 

Palavras-chave

COVID-19; SARS-CoV-2; insuficiência renal aguda; uroanálise

Abstract

Although they initially emerged as etiologic agents of common colds, coronaviruses became a global threat in the 21st century, causing respiratory syndromes with high transmission power and contributing to serious conditions that can lead to death. In addition to the coronaviruses that emerged in the 21st century, four other human coronaviruses are globally endemic and currently account for up to 30% of upper respiratory tract infections in adults. The current pandemic of Severe Acute Respiratory Syndrome caused by SARS-CoV-2, called COVID-19, has been increasing its casuistry significantly, and causing the collapse of health systems. In addition to damage to the respiratory system, acute kidney injury (AKI) is an important complication of COVID-19, occurring in 0.5-7% of cases and in 2.9-23% of patients in the Intensive Care Unit (ICU). So far, the mechanisms related to the etiology of AKI associated with COVID-19 are not known. In this review, some information associated with COVID-19 is presented, such as history, clinical and laboratory manifestations, AKI (especially in ICU patients), and emphasizing the changes evidenced in the urine test in patients with COVID-19.

 

Keywords

COVID-19; SARS-CoV-2; acute kidney injury; urinalysis

Presença de RNA do SARS-CoV-2 em fezes de pacientes com COVID-19

Cleonice Maria Michelon

Alexandre Piccinini

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

A COVID-19, doença causada pelo novo Coronavírus, alastrou-se rapidamente por todos os continentes promovendo uma pandemia.  Estudos relacionados à fisiopatologia da COVID-19 demonstraram que o vírus SARS-CoV-2 invade células da mucosa intestinal, sendo eliminado nas fezes, alertando para possibilidade da transmissão da doença por via fecal-oral. A presença do vírus nas fezes aventou também a expectativa de utilizar essa amostra biológica para fins diagnósticos. Nesta revisão, resumimos os estudos recentes relacionados à investigação da presença do RNA do SARS-CoV-2 nas fezes de pacientes com COVID-19.

 

Palavras-chave

Infecções por Coronavírus; RNA; fezes; SARS-CoV-2; COVID-19

Abstract

COVID-19, the disease caused by the new Coronavirus, has spread rapidly across all continents promoting a pandemic. Related studies to the pathophysiology of COVID-19 have shown that the cells of intestinal mucosa are invaded by SARS-CoV-2, being in faeces excreted, suggesting a potential faecal-oral transmission route. The presence of the virus in faeces also raised the expectation of using this biological sample for diagnostic purposes. In this mini review, we summarize recent studies related to research of the presence of the SARS-CoV-2 RNA in the faeces of COVID-19 patients.

Keywords

Coronavirus infections; RNA; Faeces, SARS-CoV-2, COVID-19

A COVID-19 e o diagnóstico da aspergilose pulmonar invasiva

Paulo Murillo Neufeld

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

O diagnóstico da aspergilose pulmonar associada à Covid-19 tem se mostrado um dilema na clínica médico-cirúrgica e na medicina laboratorial. O correto diagnóstico é crítico porque a coinfecção por Aspergillus spp. em pacientes com grave pneumonia por COVID-19 leva a uma Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA). Como para a COVID-19 protocolos específicos ainda não foram produzidos, têm sido utilizados aqueles empregados para o diagnóstico da aspergilose pulmonar associada à influenza com adaptações dos critérios do consórcio formado pela Organização Europeia para a Investigação e Tratamento do Câncer (EORTC) e pelo Grupo de Estudos de Micoses do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (MSG) e dos critérios para pacientes hospitalizados em UTI (AspICU). O estabelecimento de definições para a classificação de pacientes com aspergilose pulmonar associada à COVID-19, com vistas ao manejo e tratamento, representa um importante desafio.

 

Palavras-chave

COVID-19; Influenza; Aspergilose invasiva; Diagnóstico

Abstract

The diagnosis of COVID-19-associated pulmonary aspergillosis has proved to be a dilemma in surgical and medical clinic and laboratory medicine. The correct diagnosis is critical because co-infection with Aspergillus in patients with severe COVID-19 pneumonia leads to Acute Respiratory Discomfort Syndrome (SDRA). As specific protocols have not yet been produced for COVID-19, those used for the diagnosis of influenza-associated pulmonary aspergillosis have been adapted with the criteria of the Consortium formed by European Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC) and Mycoses Study Group of the National Institute of Allergy and Infectious Diseases of the United States (MSG) and the criteria for patients hospitalized in the ICU (AspICU). The establishment of definitions for the classification of patients with COVID-19-associated pulmonary aspergillosis to management and treatment represents an important challenge.

 

Keywords

COVID-19; Influenza; Invasive Aspergillosis; Diagnosis

ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO / UPDATE

A arquitetura laboratorial e a proteção dos profissionais de saúde em tempos de COVID-19

Sandra Novellino Sancanari

Joseli Maria da Rocha Nogueira

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Resumo

O novo Coronavírus, causador da COVID-19, que vem atingindo o planeta desde dezembro de 2019, tem colocado todo o meio científico preocupado com a segurança da população e dos profissionais da saúde. Essa preocupação deflagrou a busca acelerada para criar formas de diagnosticar, tratar e prevenir esta doença, controlando de alguma forma o vírus SARS-CoV-2.  Várias indústrias particulares e órgãos governamentais estão investigando as tecnologias adequadas para minimizar e se possível acabar com essa pandemia. Testes e medicamentos variados estão sendo pesquisados e produzidos em várias partes do mundo, e há um forte estímulo mundial para que a primeira vacina possa ser produzida de forma o mais segura possível e dentro dos parâmetros indicados pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Todavia, esses próprios profissionais devem estar seguros em seus ambientes de trabalho para poderem realizar suas pesquisas. Neste contexto, estudos associados à biossegurança e à arquitetura nos auxiliam fornecendo as diretrizes das condições ideais para definição do espaço físico e equipamentos adequados para a manipulação deste vírus dentro do grupo de risco em que o mesmo se insere. Para os diversos modelos de trabalho, desde a coleta às diferentes formas de diagnóstico, e mesmo nas pesquisas com o SARS-CoV-2, a manipulação só deverá acontecer em laboratórios cuja arquitetura e os equipamentos disponíveis possibilitem a proteção biológica adequada, e o nível de contenção irá variar de acordo com a finalidade da atividade. Este artigo objetiva auxiliar na definição das características necessárias aos laboratórios indicados para esses diferentes tipos de trabalho, em atendimento às normas de biossegurança/ arquitetura, não só quanto à manipulação do vírus, mas do cuidado em relação aos profissionais e à população exposta a essa pandemia bem como os principais ítens no ambiente físico dos laboratórios. A metodologia utilizada para esse artigo foi uma busca em diferentes fontes nacionais e internacionais, já que se trata de uma revisão narrativa para responder uma pergunta específica associada ao tipo de laboratório e seus equipamentos de proteção para cada uma das atividades de trabalho com o SARS-CoV-2. Considerando as contenções necessárias e as recomendações dos órgãos competentes, a arquitetura é um assunto que não deve ser negligenciado quando pensamos em instalações adequadas para trabalhos diversos com esse tipo de agente. Seguindo as normas de biossegurança e o bom senso, é possível minimizar o risco do profissional de saúde que trabalha dentro e fora do laboratório de microbiologia evitando comprometer a sua saúde e prevenindo a contaminação ambiental.

 

Palavras-chave

Coronavirus; SARS-CoV-2; arquitetura laboratorial; biossegurança

Abstract

The new Coronavirus, which causes the disease COVID-19, and which has been affecting the planet since December 2019, has put the entire scientific community concerned with the safety of the population and health professionals. This concern started the accelerated search to create ways to diagnose, treat and prevent this disease, somehow controlling the SARS-CoV2 virus. Several private industries and government agencies are investigating the appropriate technologies to minimize and, if possible, end this pandemic. Varied tests and drugs are being researched and produced in various parts of the world, and there is a strong worldwide stimulus for the first vaccine to be produced as safely as possible and within the parameters indicated by WHO (World Health Organization). However, these professionals must be safe in their work environments in order to carry out their research. In this context, studies associated with biosafety and architecture help us by providing guidelines for the ideal conditions for the manipulation of this virus, within the risk group to which it belongs. For the various working models, from collection, to different forms of diagnosis and even in research with the virus, manipulation should only take place in laboratories whose architecture and the available equipment enable adequate biological protection, and the level of containment will vary according to the purpose of the activity. This article aims to assist in defining the characteristics necessary for the laboratories indicated for these different types of work, in compliance with biosafety / architecture standards, not only regarding the manipulation of the virus, but also the care in relation to professionals and the population exposed to this pandemic as well as the main items in the physical environment of the laboratories.The methodology used for this article was a search in different national and international sources, since it is a narrative review to answer a specific question associated with the type of laboratory and its protective equipment for each of the work activities with SARS-CoV-2. Considering the necessary restraints and the recommendations of the competent organizations, architecture is a subject that should not be neglected when we think of suitable facilities for diverse work with this type of agent, following the rules of biosafety and common sense, it is possible to minimize the risk the health professional who works inside and outside the microbiology laboratory, avoiding compromising his health and preventing environmental contamination.

 

Keywords

Coronavirus; SARS-CoV-2; laboratory architecture; biosafety

COMUNICAÇÃO BREVE / SHORT COMMUNICATION

Impacto do microbioma na COVID-19

Alessandro Conrado de Oliveira Silveira

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

Resumo Abstract Texto completo (PDF)

Resumo

Inúmeros estudos demonstram o papel da microbiota intestinal na aquisição e evolução do SARS-CoV-2. Atua diretamente inibindo a replicação viral, assim como indiretamente modulando a resposta imune. Alguns perfis bacterianos já foram associados com uma maior gravidade dos sintomas, baseado na já bem conhecida conexão intestino-pulmão, com a produção de metabólitos bacterianos e componentes da resposta imune. Sem dúvida, o intestino pode ser alvo de futuras intervenções, através de modulação intestinal, propiciando uma nova e promissora abordagem no manejo terapêutico dos pacientes com COVID-19.

 

Palavras-chave

ACE2; disbiose; probióticos; SARS; pneumonia

Abstract

Numerous studies demonstrate the role of the intestinal microbiota in the acquisition and evolution of SARS-CoV-2. It acts directly by inhibiting viral replication, as well as indirectly modulating the immune response. Some bacterial profiles have already been associated with a greater severity of symptoms, based on the well-known intestine-lung connection, with the production of bacterial metabolites and components of the immune response. Undoubtedly, the intestine can be the target of future interventions, through intestinal modulation, providing a new and promising approach in the therapeutic management of patients with COVID-19.

 

Keywords

ACE2; dysbiosis; probiotics; SARS; pneumonia

CARTA AO EDITOR / LETTER TO EDITOR

Alterações laboratoriais e a COVID-19

Ricardo Brito de Oliveira Junior

Patrick Menezes Lourenço

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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Possíveis abordagens farmacológicas para SARS-CoV-2

Guilherme Eduardo da Silva Ribeiro

Rev. Bras. An. Clin. Vol. 52 No. 2 2020

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