Qual a razão para ainda usarmos máscaras?
Why do we still wear masks?
Joseli Maria da Rocha Nogueira1
1 Fundação Oswaldo Cruz, Departamento de Ciências Biológicas – ENSP. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Recebido em 12/08/2022
Aprovado em 15/08/2022
DOI: 10.21877/2448-3877.202200061
Prezado Editor,
Durante a Pandemia atual, o uso das máscaras como EPI tem sido recomendado por vários órgãos internacionais da área da saúde.
Todavia observa-se que a população não tem aderido adequadamente à essa utilização.
Mesmo em grupos ligados à área da saúde, muitas pessoas não conseguem entender a razão da utilização, acreditando que serviriam somente para autoproteção e, como já estão vacinadas, a doença apenas induziria sintomas gripais de diferentes intensidades, sempre com resolução benigna, esquecendo que imunossuprimidos, doentes crônicos e crianças não vacinadas, continuam expostos.
Devemos considerar que estamos lidando com um vírus que, só no Brasil, contaminou cerca de 34 milhões de pessoas, matando aproximadamente 680.000 até hoje e que possui RNA como codificante genético, aumentando consideravelmente sua taxa de mutação e produção de novas variantes, que podem ou não responder às vacinas já desenvolvidas.
Outro ponto a ser observado é que esses vírus somente produzem novas variantes se estiverem circulando na população, fato facilitado pelas aglomerações e liberação e/ou relutância em utilizar máscaras.
Nos últimos meses observou-se um novo aumento de casos e internações por Covid-19, aliado à baixa cobertura vacinal, pois além de não termos ainda autorização para vacinação na primeira infância, também identifica-se a relutância na vacinação em outras faixas etárias. Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura da terceira dose no Brasil, não chegou a 50% dos adultos até meados de maio. Sendo ainda menor (30%) entre jovens de 18 a 24 anos. Outra preocupação é em relação à quarta dose dos idosos: A faixa etária com maior cobertura (17%) é dos maiores de 80 anos, e a menor (3,4%) entre 60 e 64 anos.
A falta do reforço, deixa as pessoas mais expostas. Estudos sugerem boa proteção vacinal somente por 5 meses, necessitando de reforços intermitentes.
Considerando esses dados paralelamente com a necessidade da utilização de máscaras, devemos avaliar que tipos seriam ideais para o uso da população. Este EPI feito de pano, apesar de menos custoso, não é tão eficaz e a recomendação da OMS é que tenha três camadas de tecido, a exterior resistente à água; a intermediária sintética ou de algodão para atuar como filtro, e a interior absorvente à água. As máscaras cirúrgicas são descartáveis, portanto pouco econômicas, apesar de filtrar partículas menores que outros tecidos. A N-95 é um dos tipos mais seguros, oferecendo cinco camadas de proteção que se encaixam no rosto vedando todas as extremidades do nariz, bochecha e queixo, mas possui custo maior. Ultimamente, a PFF2 com clipe nasal e elástico atrás da cabeça, tem sido recomendada, pois oferece alta proteção (compatível à N95) por um valor menor.
Portando reforçamos a necessidade de campanhas para a manutenção do uso de máscaras de forma adequada, tampando tanto a boca quanto o nariz, tanto em locais fechados como abertos, já que a disseminação dos vírus mesmo que a princípio possa não levar ao óbito, contribui para o avanço da sua variabilidade, aumentando também a chance de que as vacinas atuais tornem-se ineficientes para proteção.
Bibliografia
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CONASS. Conselho Nacional das Secretários de Saúde. Painel Nacional: Covid-19. Disponível em: <https://www.conass.org.br/painelconasscovid19/> acessado em 05/08/2022.
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Correspondência
Joseli Maria da Rocha Nogueira
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